Desde muito novo me
recordo de uma frase que a minha avó Graça dizia frequentemente “vai-te ganho
que me dás perda”. Depois, a vida mostrou-me toda a razão de ser deste dito,
pois nunca os bons efeitos de um remédio são proporcionais à quantidade que se
usa porque dependem de como se usa nas circunstâncias que o recomendam.
É assim com a saúde, é
assim em muitas coisas correntes da vida e é assim, também, na governação de um
país.
Há muito que se põe em
causa a austeridade com que se procura corrigir os efeitos de políticas
gastadoras que deixaram o país sem os necessários recursos financeiros para o
dia a dia. De facto, os efeitos de uma austeridade crescente não têm acreditado
a teoria de ser assim que os problemas de um país sobreendividado se resolvem. Mas
não me parece que seja a ostracização de tal medida o que poderá resolvê-los,
também.
Todo o tratamento terá de
ser controlado pelos efeitos que produz, para que os efeitos negativos que
possam gerar se não sobreponham aos efeitos benéficos que da sua aplicação se
esperam.
Mas, para além disto, há
que ser esclarecido nos objectivos que se pretende alcançar com o tratamento
porque, também eles, têm limites para lá dos quais se tornam miragens.
Parece-me haver um pouco
de tudo isto nestas políticas que a Europa vem adoptando para um mal cujas
causas não soube, ainda, identificar e lhe poderiam permitir encontrar o
remédio adequado. Delas se ressentem os portugueses submetidos à austeridade
que, cada vez maior, os faz sofrer cada vez mais porque, ultrapassada a razoabilidade
da austeridade que seja imposta, mata-se a capacidade de resistência que a
combata e a pode tornar remédio em vez de perdição.
Falta, em tudo isto, a
sensibilidade capaz de controlar as medidas pelos efeitos que causam, a qual
bem substituiria as atitudes dogmáticas que estranhos estudos possam
justificar, porque as “fórmulas” que o “excel” ajuda a resolver, tal como as
ideologias que o tempo apodreceu, apenas são perfeitas para os ignorantes que não se
dão ao cuidado de pensar.
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