“Eu sou partidário da tese da Argentina e também do Brasil que quando estavam
nessa situação disseram: 'nós não pagamos'. Não pagaram e ninguém morreu por
isso”, disse Mário Soares numa entrevista a um jornal do Brasil.
Eu nem sei o que dizer desta
esta afirmação de alguém que, pelas funções que desempenhou, jamais deveria
assumir a posição de não respeito por compromissos do Estado, dos quais os
governos do partido que fundou são profundamente responsáveis.
Associando estas
afirmações às atitudes de recusa do PS na participação no esforço patriótico de
procura de soluções para o futuro de Portugal, fico a pensar que o plano
socialista não será aquele conjunto de simples intenções não sustentadas que
Seguro propala mas talvez o isolamento rebelde de que Soares se revela
partidário. Como se tal fosse possível neste mundo de agora, como se tal
atitude nos fosse consentida.
Como ficariam, neste caso,
as responsabilidades dos que nos levaram à necessidade de pedir ajuda externa
porque foram os promotores de gastos inoportunos em condições financeiras
dispendiosíssimas e lesivas dos interesses do Estado, dos que se aproveitaram
da situação para obter ganhos ilícitos?
Mas, para além destes
casos casos que à Justiça competiria resolver, como pensa Soares que ficaria a
maioria de nós que, ao contrário dele e dos culpados pela austeridade que
sofremos, não tem condições para superar os tempos dificílimos que se seguiriam
a tal tomada de posição nem para se proteger da barafunda social que se instalaria?
A verdade é que, em
consequência dos desmandos que uns, os que conseguiram condições para superar a
crise, praticaram, outros têm os seus salários e reformas cada vez mais reduzidos,
enquanto outros ainda não prescindem das benesses e mordomias que os mais
pobres lhes pagam…
Sem comentários:
Enviar um comentário