Tive um professor que me
disse que deveria colocar sempre em dúvida tudo o que não compreendesse
facilmente e, ainda mais, o que me parecesse excessivamente óbvio, pois, quase
por certo, ali existiriam erros perigosos.
E foi este um conselho que
nunca esqueci ao longo da minha vida profissional, o que me levou a fazer tanta
coisa diferente do que era habitual, a inovar e a corrigir muitos erros. E, por
vezes também, a cometer alguns que, depois, tive de emendar. E em todos os
casos saí a ganhar porque aprendi qualquer coisa mais que me fez evoluir.
Por isso, quando agora é
notícia que “três economistas detectaram erros nos cálculos efectuados por dois
professores de economia de Harvard, do qual tiraram a conclusão de que a
aplicação de medidas de austeridade reduziriam rapidamente a dívida pública, é
com naturalidade que encaro o facto, não apenas pela minha experiência pessoal
como, também, pelo que é próprio da Ciência onde nada é definitivamente certo!
Mas quando vejo tirar
daqui a conclusão contrária, fico muito preocupado porque quase nunca corrigir
o que esteja errado é fazer o seu contrário. E no caso de excesso de dívida
pública, não será o esbanjamento que a corrigirá. Aliás, foi isso mesmo que a
gerou!
O trabalho de investigação
é, naturalmente, muito necessário e nunca será demais o que se faça. Mas uma
coisa será, sempre, da maior importância e o mais importante de toda a
investigação, as conclusões que delas se passam tirar. E nem sempre são as que
parecem! E, neste caso, não será, por certo, o contrário da austeridade que
permitirá corrigir o excesso de dívida publica.
Ontem, Kenneth Rogoff e Carmen
Reinhart, os professores de Harvard criticados, publicaram uma resposta. Nela,
assumem o erro que está presente nos seus estudos, mas reafirmam que, em economias
com dívidas públicas acima do 90% do PIB “existe uma correlação entre a dívida pública
e taxas de crescimento mais baixas” E esta conclusão poucas dúvidas deixará.
Enfim, nem sempre tudo o
que parece é, como a política tanto se esforça em fazer crer que seja.
Olá
ResponderEliminarMe parece que o grande erro não está na fórmula. Está nos políticos que levam a fórmula ao pé da letra. Uma das mais brilhantes economistas brasileiras (luso-brasileira) afirmou que o FED tem 400 modelos de previsão macroeconómica. Mas só quando o seu diretor tem talento ele acerta.
Abraço
Zé
As fórmulas não têm qualquer culpa porque não cairam do Céu. Elas apenas escondem a ignorância que temos da realidade e quantas mais existam maior é a ignorância de quem as aplicar porque a realidade é um todo e não a descontinuidade que as fórmulas preconizam. Falta "inteligência" nas fórmulas. Por isso temos de olhá-las com prudência para não cometer erros grosseiros como os economistas estão a cometer!
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