ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 3 de maio de 2013

AGORA CRITICAS TU, AGORA CRITICO EU…



Compreendo perfeitamente o que diz Manuela Ferreira Leite a propósito do Documento de Estratégia Orçamental do governo – DEO – quando o considera um documento feito de pernas para o ar. De facto, é uma prática assaz corrente, em trabalhos deste tipo, definir objectivos e, depois, arranjar as coisas de modo a que tudo bata certo, procedimento que, de todo, não posso considerar correcto. Feito assim, poderá parecer a solução de um problema de momento, mas acabará por ser o grande problema do futuro.
Neste caso e como diz Ferreira Leite, os objectivos são os da Troika e os argumentos são os do ministro das finanças que, com desilusão o digo, sobrecarrega os mais fracos sempre que, mais uma vez, as contas não batem certo, em vez de fazer as reformas de fundo que tardam e voltam a tardar, bem como reajustar as perspectivas do futuro com que podemos contar.
Que “estamos a fazer sacrifícios em nome de nada” é, também, uma verdade enquanto pensarmos que é possível recuperar um modo de viver que as circunstâncias tornaram impossível, mas que se tornará uma mentira quando percebermos que eles fazem parte do esforço de ajustamento a que a realidade obriga.
Sendo a “pobreza” um conceito relativo, não pode ser o termo de comparação adequado para avaliação do modo como evolui este “ajustamento” que os críticos apontam como o caminho para o desastre, porém sem apontarem, de um modo claro, a alternativa que o evitaria. Talvez porque o não haja enquanto não tomarmos consciência do futuro que as circunstâncias do mundo de hoje nos permitem.
É por isso que as críticas de Manuela Ferreira Leite me parecem mais ditadas pela frustração de não ter conseguido evitar ser ultrapassada no PSD do que o discurso positivo de futuro de que necessitaríamos para, conscientemente, participarmos na construção do melhor futuro possível, dando sentido aos sacrifícios que fazemos.

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