Era já bem conhecida a
posição de Vasco Graça Moura em relação ao Acordo Ortográfico que, conforme
diziam os seus autores e proponentes, tinha como objectivo a harmonização da
Língua Portuguesa em todos os países da CPLP, o que se tornaria num factor de
força para impor o português como língua internacional, para além de ser uma das mais
faladas do mundo.
Mas um artigo que Graça
Moura escreveu hoje, fez-me relembrar esta questão que eu já tinha “arquivado” há
muitos meses com a decisão de regressar à escrita antiga, depois de me dar conta de
casos autenticamente grotescos cuja aceitação me desagradava.
O Acordo entrou em vigor
em Portugal e eu, talvez numa mera atitude de cumprimento das regras
instituídas como já acontecera em outras alterações que aconteceram na minha vida, adoptei a nova ortografia sem questionar as suas razões de ser
porque não tenho conhecimentos de linguística tão profundos que me permitissem
entrar na discussão em que se envolveram os que tinham conhecimentos bastantes
para suportar a opinião que emitissem ou a atitude que tomassem. E não seria
por simpatia ou antipatia por uns ou por outros que eu definiria a minha
posição. Por isso, limitei-me a aceitar sem dar grande crédito a tantas
larachas, algumas com bastante piada, cuja intenção era mostrar o ridículo de
algumas das alterações de escrita propostas no Acordo. Por isso e unicamente
por isso, deixei o novo modo de escrever e os meus artigos publicados passaram
a ter, lá no fundo, a indicação de “o autor escreve conforme a antiga
ortografia”. E, assim, aderi aos “contestatários” de um acordo que, pelo que
sei, apenas Portugal cumpriu! Pelo que mais ridículo me parece.
Apenas para que conste,
digo que algumas das alterações me pareceram razoáveis, como simplificação da escrita, mesmo sem fazerem parte
de qualquer acordo. Outras, porém, fazem o português parecer uma língua
estranha.
Notícias de novas adesões
a esta situação contestatária, algumas de entidades com peso relevante em
questões de língua portuguesa, fazem-me sentir mais confortável na atitude que
tomei de conta própria, por razões que foram apenas minhas mas que, pelos
vistos, têm a sua razão de ser.
Mas esqueci-me de, neste
meu “jornal de gaveta”, mencionar tal facto pelo que hoje o faço deixando
escrito ali no topo que “este jornal não adopta o Acordo Ortográfico” evitando,
deste modo, que alguém me possa culpar por o induzir em erro.
Parece-me que já seria
mais do que tempo para se repensar o assunto.
Perfeitamente de acordo com o Amigo Rui. Para mim facto (substantivo)é acontecimento, fato é roupa. Acto (substantivo) é um movimento corporal ou mental, ato( verbo atar na primeira pessoa do presente do indicativo, singular)e serve para dar um nosinho.
ResponderEliminarMuito bem, Rui de Carvalho. Até porque a tal maravilhosa "unificação" e "simplificação" dá nisto: http://issuu.com/roquedias/docs/jrd_ao_estado_choldra
ResponderEliminarMuitos parabéns pelo seu acto de cidadania tão mais responsável quanto é certo que, para além de todas as outras considerações de carácter cultural, do ponto de vista legal o denominado acordo pura e simplesmente não está em vigor, nem as simples resoluções do conselho de ministros ou da assembleia da república podem revogar o Decreto nº 35 228 de 8 de Dezembro de 1945 - que está plenamente em vigor.
ResponderEliminarParabéns! Louvo a sua atitude. O Sr. por si há-de ter chegado a um ponto em que terá reparado que seria impossível adoptar aquele modo de escrever. Penso que terá reparado também que se aquela escrita não fosse abandonada daqui a pouco tempo não nos entenderíamos na rua a falar uns com os outros já que haveria obrigatòriamente alteração da fonética. - (A mim sempre me chocou a pronúncia dos africanos, ciganos, brasileiros e alguns moradores de Cascais, porquê introduzir e transformar estes sons numa obrigatoriedade a usar?). O que iria acontecer seria efectivar uma mistura de sons diferentes nas nossas falas, seria inaceitàvelmente horrível, a nossa Língua provém do Latim e não do embate de relexão de sons de palavras em dialectos distantes depois de terem sofrido a influência da nossa Língua Portuguesa). Cumprimentos
ResponderEliminarO essencial é atingir a estabilidade ortográfica, sinal da maioridade da língua e de um alto nível cultural. Por isso o inglês - que se tornou no latim moderno - não muda de orografia há séculos.
EliminarO mesmo para o francês, castelhano e alemão - onde se escreve hoje em dia "philosophia" , como há 3 séculos (que atrasada que é aquela gente!) - e que conheceu mudanças mínimas.|
O ph, por exemplo, usa-se em inglês, francês e alemão e mais algumas línguas, o que muito faz rir os prémios Nobel brasileiros.
O anónimo de dia 8 chama-se Elvira Biscaia.Mas porque sou contra anonimatos rectifico aqui.NÃO CONSEGUI COLOCAR O NOME.
ResponderEliminarGosto de saber.
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