ACORDO ORTOGRÁFICO

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segunda-feira, 6 de maio de 2013

O NOVO DUETO

Agradou-me o discurso de Paulo Portas, bem mais esclarecedor do que o de Passos Coelho que me parece, ainda, demasiadamente contraído ou demasiadamente formal no estilo de discurso que adopta, longe do tom, do ritmo e das palavras que a maioria do povo reconhece como sendo para si.
Alguns aspectos me parecem de destacar deste par de discursos de Estado a que este governo, aliás, nos habituou.
No princípio eram Passos e Gaspar que, em intervenções sucessivas e com linguagens pouco acessíveis à maioria, marcavam o teor e a orientação, ao que Paulo Portas resolveu, um dia, acrescentar a sua. Mas, desta vez, depois de notícias que pretenderam dar conta de sérias divergências que, no Conselho de Ministros, opunham o homem forte da finanças e, até ali, mesmo do próprio governo, a cada vez mais gente que, em vez de medidas de uma tecnicidade discutível, clama por uma sensibilidade mais social, foi apenas Paulo Portas quem, sem delongas que revelassem hesitação, explicou, em linguagem comum, a razão de ser das medidas anunciadas por Passos Coelho e a, ainda discutível, nova contribuição especial dos reformados nos cortes para além da abominável CES, a desigualdade que o Tribunal Constitucional instuticionalizou, considerando-a a fronteira que não pode deixar ultrapassar.
Espero, por isso, que esta “classe sem voz”, este “não parceiro social” encontre em Portas o aliado que nem Gaspar, nem Passos e nem o Tribunal Constitucional são.
Depois, a declaração do cinismo do FMI e da União Europeia que não traduzem, nas instruções que dão às suas “troikas”, os princípios menos severos e mais solidários que propalam em seus discursos públicos, tornando duros e difíceis os confrontos que o Governo tem de travar nas negociações que faz, do que, naturalmente, quase não pode dar conta, nem para se defender das acusações da Oposição.
Finalmente, Portas fez parecer que haverá, agora, um governo mais equilibrado em sensibilidades, mais capaz de contestar as exigências que as finanças sempre pretendem ditar, sem que da tal se possam inferir tensões que possam por em risco a Coligação que, como Portas também disse, não é uma fusão!
Esperemos pelos resultados do que parece ser um novo equilíbrio de forças no Governo, o que há muito deveria ter acontecido.

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