Há textos delicioso de ler,
textos que mostram a genialidade criativa dos seus autores mas que, bem
analisados, nada adiantam à explicação dos problemas que nos afectam e menos
ainda à procura de soluções para os resolver.
De um modo geral, a truculência
política serve-se do velho ditado de que “pela boca morre o peixe”. Pega-se no
que as pessoas alguma vez tenham dito para, com elas, fazer a demonstração dos
castigos que merecem por não terem cumprido promessas que fizeram ou por
haverem criticado outros que, tal como eles, não cumpriram as que fizeram também.
No final, lido o texto, somos
levados a pensar, algo vexados, em como não fomos capazes de ter visto as
coisas com a clareza com que aquele iluminado as viu, tentados a bater palmas a
tamanha clarividência e, depois, juntarmo-nos ao grupo dos que,
continuadamente, pedem a demissão deste governo como já pediram a do anterior e
pedirão a do seguinte, na sucessão de alternâncias que, pelos vistos, não dão
em melhorias.
As razões são sempre as mesmas em
cenários que se repetem e nos fazem ver como, por exemplo, são actuais os
textos que Eça de Queiroz escreveu na segunda metade do Século XIX.
Se, em vez da ânsia de resolver em
lutas de elaborados textos ou discursos inflamados, armas da luta pelo poder, os problemas reais e
naturais que nos afrontam, tomássemos a iniciativa de os estudar profundamente
e de os pensar a sério e se, em vez de tantas mudanças que desacreditam a tão
democrática alternância porque não resolvem nada, privilegiássemos a cooperação
que nos daria mais força e capacidade para resolver as coisas, creio que alguma
vez poderíamos encontrar os equilíbrios que nos permitiriam viver melhor, ainda
que com o inevitável problema da sobrevivência a que nenhuma espécie viva
consegue furtar-se.
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