(fotografia DN)
O CE esteve reunido ontem
e, conforme a intenção do Presidente da República, foi o futuro pós-Troika que mais
ocupou a atenção dos conselheiros, tal como o comunicado final o revela no seu
ponto 2: “Com base em exposição do
Presidente da República, o Conselho debruçou-se sobre os desafios que se
colocam ao processo de ajustamento português no contexto das reformas em curso
na União Europeia e tendo em vista o período Pós-Troika.”
É natural que, como sempre
acontece, no período “antes da Ordem do Dia”, tenham sido abordados assuntos correntes
da actualidade política, como o da demissão do Governo, tão na moda e no que alguns
conselheiros vêem a solução de todos os problemas, mesmo a plataforma única partir
da qual se pode discutir o tema proposto pelo Presidente. Mas não é essa a
minha convicção, diferente da de alguns conselheiros ainda pouco sensibilizados
para as reformas inevitáveis para que haja futuro que não seja a obsessão de
voltar a um passado permissivamente consumista e, por isso, falsamente desenvolvido.
Será necessária uma grande
coragem e destruir muitos mitos e hábitos para admitir que mudanças muito
profundas terão de ocorrer em função do futuro possível, decerto bem diferente
daquele em que foram estabelecidas as regras económicas que, sem sucesso, têm
servido de guia aos esforços para dominar a “crise” em que o mundo mergulhou.
Restringindo o domínio da
reflexão ao nosso futuro na União Europeia à qual os indicadores económicos e
sociais mais recentes não auguram nada de muito bom proximamente, é mais do que
oportuno fazer a reflexão que o Presidente propôs, deixando de parte as tricas
e as nicas da politiquice corrente, os raciocínios promíscuos e oportunistas de
quem tem o simples propósito de mudar sem ter a mínima noção das alternativas
entre as quais escolher.
Pelo que tenho visto, chegou
a vez das esquerdas clássicas e radicais reclamarem a sua participação no poder
e de o PS ficar à espera do que possa acontecer, enquanto ao Governo vai escasseando
o tempo para se impor nas exigências das alterações que na Europa terão de
ocorrer para que a crise não deixe de se agravar.
De um modo mais lato, faz
sentido pensar em reformas profundas, começando no modo de avaliar a situação que
vivemos e nada tem a ver com o modo de o fazer antes da “globalização” que tantas
coisas alterou e, por isso talvez, o modo de as avaliar.
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