ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 3 de maio de 2013

O DINHEIRO E O VALOR DAS COISAS



Acabo de ler sobre as declarações do sociólogo britânico Anthony Giddens nas Conferências do Estoril sobre “Globalização e Desafios para a Democracia”, as quais mostram as suas preocupações sobre o estado do mundo que diz nunca ter visto tão opaco.
Além de dizer que para os economistas, actualmente, a única certeza que existe é a de “que as coisas vão ser diferentes do que foram há 20 ou 30 anos”, Giddens também afirmou que “a democracia está com problemas em todo o mundo e também nas áreas que costumavam ser o ‘coração da democracia’”.
Refiro estas declarações por referirem questões que tenho abordado quer a respeito dos equívocos de uma “economia” sem condições para continuar a prosseguir os seus objectivos de crescimento contínuo quer a propósito de uma “democracia” que se deixou ultrapassar pela realidade em que as coisas são como são e não como as imaginamos ou gostaríamos que fossem.
Quanto aos economistas, eu vou mais longe quando digo que penso não estarem, na generalidade, convencidos da impossibilidade de voltar ao passado, não o de há 20 ou 30 anos mas o mais próximo, de voltar à solução das “crises” com montanhas de dinheiro que as sufoquem, mesmo quando vêem que tal prática já não surte efeito.
Antes de poderem encontrar soluções para os impasses que a “economia” enfrenta terão de entender como se distanciam o dinheiro e o valor das coisas ao qual, pretensamente, corresponde, porque assim inevitavelmente acontece se enquanto de um há a quantidade que quisermos as outras se vão, naturalmente, esgotando.
Quanto à democracia que se baseia no peso de maiorias que interesses seleccionados congregam, terá de passar a prestar atenção à realidade, aquela que ambição alguma pode alterar. Não adiantará, pois, continuar com os jogos de riqueza e de poder que esta democracia permite jogar, mas agora já não sem consequências que, mais cedo ou mais tar,de acabarão complicadas!
Tal como a visão dos economistas, também a democracia terá de se actualizar porque, a não ser assim, não conseguirá sobreviver numa “globalização” na qual, em nome de interesses económicos, se aceitam procedimentos democraticamente reprováveis.

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