Depois de todo este tempo
em que se fizeram vaticínios que nunca aconteceram, depois de um tempo longo
demais que levou as coisas de mal a pior, depois de promessas incumpridas, de
previsões que nunca se revelaram certas, das culpas deste e daquele para que
esta desgraça tenha acontecido, o regresso à origens dá, agora, a Gaspar, o
argumento final: “O Governo português
negociou mal, numa situação extremamente fragilizada”.
Atrasou-se Gaspar numa avaliação que deveria ter sido a sua primeira, aquela em que deveria ter baseado toda a sua acção como ministro das finanças de um país debilitado!
Atrasou-se Gaspar numa avaliação que deveria ter sido a sua primeira, aquela em que deveria ter baseado toda a sua acção como ministro das finanças de um país debilitado!
Parece-me tarde demais
para falar de um acordo que muitos louvaram. Gaspar descobre esta verdade quando
todos os leigos, como eu, já deram conta de que caímos no fosso de onde apenas
uma solidariedade autêntica, mas que já poucos esperam, nos poderá tirar.
Mas como esperar
solidariedade se a não houve quando foi negociado o acordo? Como apenas tão
tarde disso se tem a noção?
E apenas uma questão me
parece ser de levantar: a quem passou despercebida a excessiva austeridade e os seus nefastos efeitos a que
as medidas acordadas iriam conduzir? À Troika, aos políticos portugueses ou a
ambos?
Seja a resposta qual for,
é terrível a conclusão a que se pode chegar. Entre más razões e estupidez,
todas as hipóteses se alinham como possíveis, o que pouco respeito pode
inspirar acerca de quem tenha negociado e assinado tão famigerado acordo.
Fiquei a conhecer melhor
Sócrates desde que a RTP lhe concede um tempo de antena para explicar não sei o
quê e no qual, tanto pelos temas que aborda como pela arcaica estrutura das deduções
que faz e das explicações que dá, me mostra não possuir a capacidade mínima
para governar um país. Não admiram, pois, as consequências da sua governação.
O mesmo poderei dizer de
um Governo que tarde descobre os pecados mortais de um acordo que não soube ou
não teve a coragem de denunciar a tempo. A sua capacidade para governar não é,
de todo, uma virtude digna de encómios.
Finalmente, de um acordo de
cujas consequências ninguém parece ter-se apercebido para nele propor, a tempo,
as necessárias correcções, só restam as queixas que, nesta altura, de pouco ou
nada valem, a não ser para se tornarem nas razões dos que sempre contra elas se
insurgiram, não porque façam qualquer ideia de como fazer melhor, mas pelo
confronto que, entre ideologias ocas, sempre acaba por acontecer, numa prova
mais do que evidente de ser a conquista do poder o objectivo único de
oportunistas que se dizem políticos.
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