ACORDO ORTOGRÁFICO

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terça-feira, 14 de maio de 2013

O ÚLTIMO RECURSO



No túnel imenso desta crise, de uma escuridão tamanha que faz qualquer pirilampo parecer a luzinha que marca o seu fim, os economistas vão descobrindo soluções e mais soluções que atingem níveis tão absurdos que se não atrevem a referi-las sem, de imediato, dizer que “só em último recurso”!
Regressado da reunião do “eurogrupo” em que apresentou as novas medidas para aprovação da sétima avaliação da “troika”, Vitor Gaspar traz-nos a “feliz” notícia de que, por maioria, aquele grupo decidiu que as poupanças em depósitos bancários são sacrossantas quando não superiores a cem mil euros.
Nada menos credível do que estas falácias de quem sabe que o último recurso está para além delas porque, por mais que não o pareça, eles já se deram conta de que terá de ser num nível bem diferente deste em que vivemos, em outros cenários e em outros valores que teremos de alicerçar o futuro. A não ser assim, que poderei eu pensar de quem não consegue ver o óbvio, para além de não ter a força capaz para ultrapassar os obstáculos que interesses enormes colocam no seu caminho?
Mas não vale a pena iludir mais as coisas nem, nas estatísticas, continuar a ignorar a maior parte do mundo para fingir que as suas teorias do crescimento económico ainda valem mesmo quando já nem conseguem mantê-las no reduzido espaço a que chamam o “mundo desenvolvido” que, aos poucos, se vai degradando.
O resgate de Chipre, com o confisco dos depósitos bancários mais elevados, foi o levantar do véu que encobre a mentira imensa que é o regresso ao passado que os economistas prometem e tantos iludidos reclamam.
E, de mentira em mentira, vamos perdendo oportunidades de reencontrar, em outras formas de vida, o caminho para a felicidade que é, afinal, o que todos desejamos.

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