No túnel imenso desta
crise, de uma escuridão tamanha que faz qualquer pirilampo parecer a luzinha
que marca o seu fim, os economistas vão descobrindo soluções e mais soluções
que atingem níveis tão absurdos que se não atrevem a referi-las sem, de
imediato, dizer que “só em último recurso”!
Regressado da reunião do “eurogrupo”
em que apresentou as novas medidas para aprovação da sétima avaliação da “troika”,
Vitor Gaspar traz-nos a “feliz” notícia de que, por maioria, aquele grupo
decidiu que as poupanças em depósitos bancários são sacrossantas quando não
superiores a cem mil euros.
Nada menos credível do que
estas falácias de quem sabe que o último recurso está para além delas porque, por
mais que não o pareça, eles já se deram conta de que terá de ser num nível bem
diferente deste em que vivemos, em outros cenários e em outros valores que
teremos de alicerçar o futuro. A não ser assim, que poderei eu pensar de quem
não consegue ver o óbvio, para além de não ter a força capaz para
ultrapassar os obstáculos que interesses enormes colocam no seu caminho?
Mas não vale a pena iludir
mais as coisas nem, nas estatísticas, continuar a ignorar a maior parte do
mundo para fingir que as suas teorias do crescimento económico ainda valem mesmo
quando já nem conseguem mantê-las no reduzido espaço a que chamam o “mundo
desenvolvido” que, aos poucos, se vai degradando.
O resgate de Chipre, com o
confisco dos depósitos bancários mais elevados, foi o levantar do véu que
encobre a mentira imensa que é o regresso ao passado que os economistas
prometem e tantos iludidos reclamam.
E, de mentira em mentira,
vamos perdendo oportunidades de reencontrar, em outras formas de vida, o
caminho para a felicidade que é, afinal, o que todos desejamos.
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