Se
estivessemos no século XVII eu diria, pelo entusiasmo daquela gente,
que iriam, de seguida, defenestrar Passos Coelho e mandar Cavaco
Silva para o exílio. No mínimo! Assim o fizeram a Miguel de
Vasconcelos e a uma tal Duquesa de Mântua.
Não
pertenço ao grupo dos que são convidados para estes eventos.
Felizmente! Nem sou do tipo de falar de coisas sem antes esclarecer o
que elas são.
Falaram
de “austeridade” sem dizer o que ela seja ou do que é que
resulta. Tampouco disseram como se acaba com ela, a não ser derrubando o governo. E tudo me faz crer
que esta da qual estes ilustres falam não é mais do que a perda de
regalias e de benesses que os afecta também e gostariam de
restaurar, mas que um dia, inevitavelmente, haveria de acontecer.
Não
falaram naquela que milhares de milhões de seres humanos sofrem,
imposta pelas mais diversas circunstâncias que a muitos matam de
fome e de sede, enquanto nas “economias evoluídas”, como aquela que reclamam, se limitam produções, se desperdiçam alimentos que, para aqueles,
seriam uma benção do Céu e para as suas terras se exportam os lixos mais perigosos que o nosso "desenvolvimento" produz!
Mas
austeridade não é mais do que o modo de viver que diversas
circunstâncias nos impõem, como a limiração natural dos recursos e as
consequências do seu uso imoderado que afectam o Ambiente
indispensável à vida. Uma austeridade que não será mais do que o
uso moderado e racional daquilo que a Natureza nos dá.
Por
tudo isto, a austeridade apenas pode ser mitigada com inteligência e
com solidariedade, com o reconhecimento de uma realidade que não
somos capazes de continuar a iludir na senda de um falso progresso
que nos conduziu à “crise final” de um modo de viver que já nem
faz sentido. Nunca do modo como propõem.
Querem
libertar Portugal da austeridade que, aos poucos mas cada vez mais
depressa se estende a toda a Europa e a todo o mundo se estenderá também! É apenas uma
questão de pouco tempo.
O
que conseguirão com as suas arengas demagógicas de uma democracia
bacoca, compreensivelmente apoiada por aqueles que dos seus erros de gestão são as maiores vítimas, é que uma grande confusão se instale e,
definitivamente, nos arruine depois de mais um curto faz-de-conta de
que somos ricos.
É
disso, por certo, que Soares será lembrado como o instigador de
revoltas como apenas o pode ser o seu discurso em que pede ao
Presidente da República para demitir o Governo porque, ao manter o
apoio a um Governo que “já não é legítimo” (!), “será
responsável pela perda de paciência e pacifismo dos portugueses e
por que o povo se torne mais violento.”
Inacreditável!
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