Depois de tudo o que aconteceu,
uma situação de ruptura financeira, um resgate financeiro e a intervenção de
uma Troika que nos impôs medidas de austeridade muito pesadas e um rol de
obrigações financeiras que fica para o futuro, é evidente que, mesmo depois de
a Troika deixar de intervir nas decisões governamentais, mada será como era
dantes.
Apesar de acabarem, dentro de
cerca de um ano, as imposições para fazer assim ou de outra maneira, de cortar
aqui e ali, os “mercados”, dos quais continuaremos a depender para financiamento
da nossa economia, não abrandarão significativamente a observação que façam e
de cujos resultados dependerá a confiança dos investimentos em Portugal e, por
isso, as taxas de juro que nos vão cobrar.
Para que tudo possa correr bem, o
equilíbrio das contas públicas é uma imposição sem a qual rapidamente
voltaremos à situação de que resultou esta tutela financeira da qual queremos
sair, o que exige, acima de tudo, que as despesas do Estado, encargos da dívida
incluídos, não ultrapassem as suas receitas. É este equilíbrio que, afinal, o
governo tenta fazer com a ajuda, melhor ou pior, que lhe seja concedida, porque
descartar responsabilidades seria um verdadeiro suicídio pelas consequências que
teria nesta “economia global” onde o isolamento é a morte.
É neste quadro, assim simplesmente
descrito como se de economia doméstica se tratasse, que vejo as medidas que o
governo propõe e das quais apenas poderei contestar a eventual falta de
equidade nos novos esforços que sejam pedidos ou a falta da sua reposição em
situações de manifesta desigualdade no tratamento anterior.
É verdade que outras medidas
menos drásticas poderiam ser tomadas, mas de efeitos mais retardados e que, por
isso, não permitiriam a recuperação da autonomia governativa que a intervenção
da Troika nos retirou ou nos levariam, mesmo, à necessidade de novo resgate
financeiro a que mais austeridade corresponderia. Por isso, a situação
resultante não poderá ser tomada por definitiva. Longe disso, até! A reforma do
Estado terá de prosseguir, depois, com a substituição de algumas das medidas
agora adoptadas por outras mais adequadas à situação de equilíbrio justo que na
sociedade portuguesa terá de existir.
Depois de arrumada a casa e
equilibradas as contas é a hora de melhorar as condições de vida até nos
sentirmos uma sociedade feliz e em desenvolvimento!
Poderemos contestar as medidas do
governo, sejam elas quais forem, poderemos atribuir-lhes as intenções que
quisermos, chamar-lhe “pacto de agressão” ou outra coisa que entendermos, mas
duas coisas me parecem verdade: uma melhor Oposição poderia ter permitido
aprimorar as soluções e a cooperação que a luta pelo poder inviabilizou poderia
ter-nos dado maior força negocial que nos poderia permitir melhores condições.
Talvez algumas daquelas que Seguro pensa que poderia conseguir só por si.
Obviamente que não, pois nem Hollande, o seu patrono francês, as conseguiu!
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