Continua a maioria de nós
refém das truculências verbais às quais, se fosse tolo, simplesmente juntaria
os meus protestos de “espoliado” por um governo que, como acabo de escutar em
inflamados discursos, Ana Avoila (?) e o PS dizem que impõe sem negociar. Até
será muitas vezes assim. Mas esquecem aqueles críticos que muitas das regras democráticas,
porventura as que os tornaram actores influentes na situação de carência criada,
foram alteradas e uma parte da soberania alienada em consequência da aceitação
de condições de assistência financeira que o governo socialista pediu depois da
situação de bancarrota que criou.
Não me satisfazem,
obviamente, estas condições de submissão a vontades alheias, às quais o nosso
mal-estar pouco incomoda. Mas a necessidade de nos vermos livres de tal
suplício, leva-me a ter de aceitar a contribuição que me pedem para o pagamento
das dívidas que acumulámos, apenas pondo a condição de que se integre num
conjunto de contribuições globais equitativas.
Que se anulem privilégios
e se acabem com desigualdades que uns, de “conquista” em “conquista”, conseguiram
e outros, de abuso em abuso, a si próprios concederam, só poderá contribuir
para uma sociedade mais democrática ao contrário do que digam os que por tais
anulações se sentem agredidos. Mas é este o papel dos dirigentes sindicalistas
aos quais se não pede que sejam democratas, mas sim que sejam hábeis no
aproveitamento das oportunidades que a democracia consinta. Apenas lamento os
maus efeitos que, muitas vezes, tais atitudes possam ter, sobretudo quando se “conquista”
para além do razoável.
Já para os partidos
políticos da oposição as motivações são outras que colocam a tónica na
conquista do poder. Por isso deturpam, amputam declarações e interpretam como
lhes convém o que aconteça ou outros digam, tendo como único propósito
construir outro discurso enganador que até a mim conquistaria… se fosse tolo!
Não considero que o
governo que temos seja o melhor para lidar com a situação que vivemos que
poderia gerir com menos insensibilidade, mas mais me queixo da Oposição que,
com mágoa o digo, não demonstra a mínima competência nem seriedade intelectual
para que possa ser a alternativa que, nestas condições, o país precisaria.
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