Por vezes vale a pena reclamar
quando a razão nos assiste. E neste caso da sobrecarga desigual dos
pensionistas, uma exigência que não tinha razão de ser na procura da igualdade
que a justiça reclama, a razão parece acabar por se impor. Pelo menos assim o
afirma o Secretário Geral da UGT após uma reunião com o Primeiro-Ministro.
Carlos Silva afirmou aos
jornalistas que Passos Coelho "assumiu perante a UGT que essa questão não
vai para a frente", acrescentando que "não haverá aplicação da taxa
sobre os reformados e pensionistas como foi inicialmente proposto no discurso
de sexta-feira à noite".
Sabia Passos Coelho como era
larga e consistente a opinião de ser tal medida uma prepotência impossível de
aceitar num quadro de equidade como deve ser o do esforço a fazer pelo país
para superar as dificuldades que enfrenta. A questão será perguntar por que,
mesmo assim, a avançou no seu discurso sobre a substituição das medidas que o
Tribunal Constitucional reprovou.
Em primeiro lugar, tal medida não
pode deixar de parecer um aproveitamento simplório do que considero uma falha
de um tribunal que deve pugnar pela igualdade de direitos que a Constituição
consagra, a aprovação da Contribuição Especial de Solidariedade que afecta,
exclusivamente, os pensionistas.
Em segundo lugar, a rapidez com
que deixa cair tal medida após a declaração de Paulo Portas de ser esta uma
fronteira que não pode deixar ultrapassar, pode levar a pensar numa submissão
excessiva que nada tem a ver com a determinação colocada em outras medidas
anunciadas. Porém, a mim mais me parece uma manobra concertada para fazer cair
uma proposta pela qual alguém muito terá pugnado.
Será, talvez, mais uma prova de que
uma nova forma de encarar o modo como conseguir alcançar certas metas estará a
fazer o seu caminho após demasiado tempo a apostar em medidas exclusivamente
financeiras.
Seja como for, agrada-me a
possibilidade de Passos Coelho deixar cair uma injustiça que tiraria força ao
empenhamento para participar num esforço que deve ser de todos para que dias
menos conturbados os portugueses possam viver. Por isso vale a pena continuar a
pensar que “sempre vale a pena quando a alma não é pequena”.
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