A propósito de uma notícia
que hoje li e que referia o elogio do Primeiro Ministro canadiano à qualidade
dos trabalhadores portugueses que o Canadá deseja aproveitar, parece-me
oportuno recordar aqui uma experiência que vivi há já muitas dezenas de anos.
Era, ainda, um jovem
engenheiro que teve a sorte de ser escolhido para se especializar nos problemas
hidráulicos de docas secas e de eclusas de navegação, para o que me desloquei a
França para visitar as eclusas do Ródano e fui estagiar no Waterlupkundig
Laboratorium de Delft, na Holanda. E foi aqui que, ao visitar os estaleiros
navais da NDSM, o director, que me acompanhava, teceu os maiores elogios aos
cerca de 400 portugueses que ali trabalhavam e que considerou serem dos
melhores que já vira!
Apanhado de surpresa,
penso que não evitei traduzir numa expressão de espanto a surpresa que tal me
causou. O que me valeu a pergunta: mas ficou surpreendido com o que lhe disse? Tive
de recuperar-me rapidamente para dar uma resposta que me livrasse daquela
situação incómoda e respondi: não, de todo, apenas fiquei surpreendido por
trabalharem aqui portugueses…
E a conversa continuou com
a indicação de que estavam ali a preparar-se para trabalhar nos futuros
Estaleiros da Lisnave mas que, mesmo assim, iriam reter ali alguns porque não
poderiam desperdiçar a sua qualidade.
Isto passava-se nos anos
60 do Século passado!
Não é, pois, novidade para
mim a qualidade dos trabalhadores portugueses, apenas continuando a verificar
que ela se manifesta, sobretudo, quando não estão em Portugal onde não
conseguem alcançar a produtividade que lá fora alcançam.
Tenho a minha explicação
para tal facto. Mas acho que cada um deve ter a sua, sobretudo os empresários e
os políticos que deveriam saber aproveitar uma riqueza que, pelos vistos, há
longas décadas desperdiçam.
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