Ao longo da minha vida
profissional sempre trabalhei por conta de outrém, pelo que os direitos dos que
prestam serviços me não podem ser indiferentes. Mas talvez a visão que tenho
desses direitos não seja a mesma que, pelas atitudes que tomam, pelo menos
alguns sindicatos me mostram ter. Sempre reconheci os direitos de quem me
pagava para trabalhar, os quais respeitava para exigir que os meus fossem
respeitados, também.
A menos os anos que
trabalhei na função pública, sempre fiz o mesmo tipo de contrato cuja duração
dependia da vontade mútua para o manter. Nem alguma vez ma pareceu que devesse
fazer outro, porque apenas a mútua satisfação seria admissível para evitar que
se tornasse tensa uma relação que, se conflituosa, se tornaria infrutífera e
difícil de suportar.
Nada do que pensava e
senti se coaduna com certos direitos que muitas vezes vejo reclamar em atitudes
de exclusivo confronto porque a Constituição consagra que os trabalhadores têm
direito à greve quando o entenderem e sejam as razões quais forem.
Por outro lado, a greve,
sendo uma manifestação de força, tem como propósito criar danos na entidade com
quem os trabalhadores conflituam, com a intenção de os obrigar a negociações
para as quais não se mostram disponíveis.
Sendo assim, deixa-me
sérias dúvidas o propósito da greve que os professores anunciam fazer em altura
de exames, com consequências que só podem prejudicar os alunos com os quais não
têm qualquer conflito!
Para além disso e levando em
consideração as declarações do ministro da educação "é uma declaração um pouco estranha, é um
anúncio de greve, uma intenção de greve que surge por parte de alguns
sindicatos sem ter havido um pedido de negociação, sem ter havido um outro
aviso, sem se estar a meio de algum diálogo, portanto isto é um pouco
surpreendente", parece-me uma greve que, para ter razão de ser, apenas
se baseia no direito de a fazer em quaisquer circunstâncias.
É este o exemplo de
civismo que os professores dão aos nossos filhos e netos?
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