Habitualmente leio os escritos de
Daniel Oliveira, um crítico inteligente que, infelizmente, se deixa, algumas
vezes, trair por certa ideologia que alimenta. Mas como ninguém é perfeito e
ele é sportinguista como eu… está perdoado!
Hoje ele escreveu sobra “as
saudades da antiga 4ª classe” e, mais uma vez, concluo que cada um vê as coisas
do seu modo, decerto conforme a sua própria experiência ou modo de viver, o que
faz a diversidade que equilibra a vida, a torna menos monótona porque dá
os motivos para confrontar ideias.
Eu conto-me entre os que vêem com
bons olhos este regresso do exame da 4ª Classe (no meu tempo de estudante era
assim) que inicia os miúdos neste mundo de ansiedade e de pressão, no hábito de
prestar contas com que, mais cedo ou mais tarde, todos acabarão por se
confrontar. Mas, como é natural, outros discordam e não faltam motivos e razões
para tal, dependendo do modo como se olham as coisas.
Pela minha parte, sempre entendi
como papel fundamental da escola preparar para a vida sendo, nas atitudes que
toma e nas exigências que faz, o mais próxima possível do que acabaremos por
ter pela frente e não nos exige, apenas, que saibamos palavrear teoremas e
definições, cantar tabuadas, decorar nomes e datas, mas sim que saibamos pensar
e tomar as atitudes correctas em cada caso que, para isso, teremos de saber
identificar.
A minha vida proporcionou-me as
experiências de estudante, de profissional e de professor que, numa vida já
muito longa, me permitem uma visão evolutiva na qual a comparação simples da
minha 4ª classe com o 4º ano de que uma neta está a fazer os exames não faz qualquer
sentido. Como sentido não faz simplificar o sistema de ensino sem alterar
profundamente os métodos de ensinar que exigem professores de muito mais
elevada qualidade e saber, os quais a realidade me tem mostrado que não
abundam.
A excessiva especialização das
matérias incluídas nos currículos dos diversos cursos tem-me revelado uma
preparação coxa de profissionais que, mesmo que sabendo muito da sua
especialização, quase desconhecem o ambiente do conhecimento em que deveriam
inserir-se e relacionar-se harmoniosamente em vez de constituírem uma ilha
isolada, fazendo coisas com pouco sentido.
Tudo isto para dizer que a ideia
de que o “meu” tempo era o melhor me parece só poder ser o entendimento dos
que desistiram de ter vida antes de morrerem. Por isso me não dou conta dessas
sensações de confronto próprias de quem se ficou pelo caminho, porque sou pela
evolução continuada nas condições mais adequadas para o fazer. E regressar ao
que a realidade revela serem as boas práticas de preparação para a vida, só
posso considera-lo uma forma do esforço são que nunca estará concluído nem
será, como alguns desejam, copiar o que outros façam para o considerar bem.
A formação escolar não pode ser
refém de ideologias políticas porque com ela se não deve brincar.
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