ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 9 de maio de 2013

EXAMES DO 4º ANO OU DA 4ª CLASSE?



Habitualmente leio os escritos de Daniel Oliveira, um crítico inteligente que, infelizmente, se deixa, algumas vezes, trair por certa ideologia que alimenta. Mas como ninguém é perfeito e ele é sportinguista como eu… está perdoado!
Hoje ele escreveu sobra “as saudades da antiga 4ª classe” e, mais uma vez, concluo que cada um vê as coisas do seu modo, decerto conforme a sua própria experiência ou modo de viver, o que faz a diversidade que equilibra a vida, a torna menos monótona porque dá os motivos para confrontar ideias.
Eu conto-me entre os que vêem com bons olhos este regresso do exame da 4ª Classe (no meu tempo de estudante era assim) que inicia os miúdos neste mundo de ansiedade e de pressão, no hábito de prestar contas com que, mais cedo ou mais tarde, todos acabarão por se confrontar. Mas, como é natural, outros discordam e não faltam motivos e razões para tal, dependendo do modo como se olham as coisas.
Pela minha parte, sempre entendi como papel fundamental da escola preparar para a vida sendo, nas atitudes que toma e nas exigências que faz, o mais próxima possível do que acabaremos por ter pela frente e não nos exige, apenas, que saibamos palavrear teoremas e definições, cantar tabuadas, decorar nomes e datas, mas sim que saibamos pensar e tomar as atitudes correctas em cada caso que, para isso, teremos de saber identificar.
A minha vida proporcionou-me as experiências de estudante, de profissional e de professor que, numa vida já muito longa, me permitem uma visão evolutiva na qual a comparação simples da minha 4ª classe com o 4º ano de que uma neta está a fazer os exames não faz qualquer sentido. Como sentido não faz simplificar o sistema de ensino sem alterar profundamente os métodos de ensinar que exigem professores de muito mais elevada qualidade e saber, os quais a realidade me tem mostrado que não abundam.
A excessiva especialização das matérias incluídas nos currículos dos diversos cursos tem-me revelado uma preparação coxa de profissionais que, mesmo que sabendo muito da sua especialização, quase desconhecem o ambiente do conhecimento em que deveriam inserir-se e relacionar-se harmoniosamente em vez de constituírem uma ilha isolada, fazendo coisas com pouco sentido.
Tudo isto para dizer que a ideia de que o “meu” tempo era o melhor me parece só poder ser o entendimento dos que desistiram de ter vida antes de morrerem. Por isso me não dou conta dessas sensações de confronto próprias de quem se ficou pelo caminho, porque sou pela evolução continuada nas condições mais adequadas para o fazer. E regressar ao que a realidade revela serem as boas práticas de preparação para a vida, só posso considera-lo uma forma do esforço são que nunca estará concluído nem será, como alguns desejam, copiar o que outros façam para o considerar bem.
A formação escolar não pode ser refém de ideologias políticas porque com ela se não deve brincar.

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