Quando, na retórica do confronto político, a
definição de capitalismo era a “exploração do homem pelo homem”, contrapunha-se
que o comunismo era, obviamente, o seu contrário. E a História veio a demonstrar
que tal era verdade pela substituição óbvia dos exploradores pelos explorados,
como a realidade mostrou que aconteceu, excepto para os que, num caso ou no outro, não se livram da mesma triste condição. Hoje, o capitalismo é o sistema único
com base no qual todas as ideologias se conformam e desenvolvem as suas teorias
de governação. E são os inconvenientes do capitalismo aqueles com os quais
todos têm de se entender sem encontrarem como deles se livrar.
Agora, em tempos de austeridade
que o despesismo keynesiano impôs, clama-se por acabar com a austeridade que prejudica a
economia, o que qualquer bom entendedor tomará como o regresso do despesismo
que originou o crescimento e, pelo endividamento que causou, impôs a
austeridade! E tudo volta ao que era…
Quando tanto se fala, porventura bem,
de uma espiral recessiva causada pela austeridade que nos conduzirá ao desastre,
penso, pelo que atrás disse, que haverá, também, razões para falar de um ciclo
vicioso cujos resultados não serão melhores. Mas farão jus à alternância que
alguns insistentemente reclamam como única solução.
E hoje, ouvindo, em sucessão, o
discurso de Passos Coelho que anuncia mais austeridade e a entrevista de Seguro
que a rejeita com soluções cuja exequibilidade depende de outros que afirmam não
as aceitar, senti que dificilmente encontraremos, entre nós, a força e as
condições para nos libertarmos da situação desastrada em que caímos.
E vem-me à ideia aquela definição
que, diz-se, alguém, há muitos séculos, deu do povo que vive neste recanto que já não sei se de
sonho se de condenação: “… que se não governa nem se deixa governar”!
E se me não sinto cómodo com este
Governo que se quer aproveitar, descaradamente, da mais flagrante desigualdade
que a "justiça" do Tribunal Constitucional lhe consentiu, a CES que penaliza desigualmente
os reformados e a estende ao longo do tempo, nem quero imaginar como me
sentiria se governado por Seguro que, seguramente, não tem ideias seguras nem
convincentes, para além da demagogia avulsa que, insistentemente, apregoa.
Depois da campanha empolgada que fez em
função da vitória de Hollande que iria mudar a Europa mas rotundamente falhou numa França que nada melhorou,
apoia-se agora na “força” do novo presidente italiano que, queira Deus que eu
esteja errado, talvez se veja forçado a aceitar o resgate que a delicada
situação financeira de Itália pode lhe não permitir evitar.
Perspectivas? Infelizmente más!
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