ACORDO ORTOGRÁFICO

O autor dos textos deste jornal declara que NÃO aderiu ao Acordo Ortográfico e, por isso, continua a adoptar o anterior modo de escrever.

terça-feira, 7 de maio de 2013

QUARENTA ANOS DEPOIS



Há muito tempo já, era eu adjunto de um Primeiro-Ministro que me disse assim “estou muito mais preocupado com a cultura democrática que se venha a instalar em Portugal do que com a pequena economia que temos porque, menor do que a de qualquer Estado norte-americano, depressa se conserta se, para isso, houver os indispensáveis consensos”.
Há pouco reparei que, numa entrevista a uma revista luso-espanhola, Alexandre Soares dos Santos disse precisamente o mesmo, para além de outras verdades como a que me parece um réquiem por uma União Europeia que nasceu de um ideal que não foi prosseguido, por ambição se entortou e talvez nunca mais se endireite. Os interesses nacionais prevalecem sobre os europeus e a Alemanha nunca perderá o seu jeito de ambição dominadora que lhe não permite corresponder à ajuda que teve para se reerguer, depois de se destruir e quase destruir a Europa inteira!
Entre estas duas declarações iguais decorrem cerca de quarenta anos ao longo dos quais eu verifico que a “cultura democrática” que se instalou não é a que aquele Primeiro-Ministro gostaria que se tivesse desenvolvido, fazendo-me lembrar mais a de um recém chegado a um meio desconhecido onde não sabe como comportar-se ou, visto de outro modo, uma rixa de miúdos que, em alvoroço, disputam o naco e depois nem sabem o que fazer com ele.
E a lição a tirar é que é sempre maior o sacrifício quando não há entreajuda e maior, também, a destruição quando há guerra.
Achei que devia registar aqui o que dois homens inteligentes entenderam e disseram de uma situação e de atitudes que podem dar gozo a muita gente, mas a muita mais gente fazem sofrer.

Sem comentários:

Enviar um comentário