Depois das medidas primárias de
corte de despesas a que a emergência financeira de Portugal obriga, haverá que
encarar o futuro do ponto de vista da sustentabilidade económica e, também, de
desenvolvimento económico e social, o que exige outras medidas que serão,
sobretudo, reformas estruturais sensíveis e correcções de erros e de anomalias
que exigem estudos mais aprofundados e decisões mais pensadas.
Mas importante será, também,
planear o futuro em função de objectivos razoáveis que só podem ser bem
definidos em função do conhecimento actualizado dos factores naturais que os
condicionam e dos efeitos das demais economias, sobretudo das que são os
destinos principais das nossas exportações que, depois de um esforço de
crescimento, desde há dois meses se ressentem das dificuldades crescentes que
outros enfrentam.
É, por isso, indispensável gerir com
cuidado as expectativas na recuperação económica que outros factores também
afectarão, em especial as possibilidades de crescimento global em função das
condições ambientais que começam a ser imperativas para as decisões a tomar,
bem como da escassez de recursos e das alterações climáticas que, já se não
duvida, tem associadas.
A par de inúmeras chamadas de atenção
de ambientalistas e de outros cientistas quanto aos efeitos negativos do
crescimento económico intensivo, a Google acaba de disponibilizar o “Google
Timelapse” que permite visualizar alterações físicas na Terra entre 1984 e
2012, entre as quais as reduções significativas das manchas de florestas
húmidas e de reservatórios de água naturais e artificiais, do acréscimo
excessivo das áreas urbanas, além de outros pormenores que nos fazem pensar na
situação de carência que poderemos atingir dentro de muito pouco tempo.
Por variadas razões, não é
aconselhável uma expectativa demasiado elevada para o futuro de curto e de
médio prazo já que tem de se basear mais na contenção de excessos, no
aperfeiçoamento de processos e na procura de novas satisfações.
A tendência de agravamento das
condições recessivas na Europa e as preocupantes perspectivas do FMI para a
economia global, enfim, as dificuldades de superação de uma “crise” cuja
longevidade desafia a de anteriores períodos de prosperidade, não permitem
grandes dúvidas quanto à necessidade de procurar soluções novas.
Depende, quanto a mim, do
entendimento desta necessidade de mudança a saída de uma “crise” que, de outro
modo, provocará muitos mais estragos, porque cada vez haverá necessidade de
mais austeridade em nome de metas porventura inatingíveis e de direitos
conquistados insustentáveis.
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