ACORDO ORTOGRÁFICO

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sexta-feira, 10 de maio de 2013

O FUTURO PÓS TROIKA (II)



Depois das medidas primárias de corte de despesas a que a emergência financeira de Portugal obriga, haverá que encarar o futuro do ponto de vista da sustentabilidade económica e, também, de desenvolvimento económico e social, o que exige outras medidas que serão, sobretudo, reformas estruturais sensíveis e correcções de erros e de anomalias que exigem estudos mais aprofundados e decisões mais pensadas.
Mas importante será, também, planear o futuro em função de objectivos razoáveis que só podem ser bem definidos em função do conhecimento actualizado dos factores naturais que os condicionam e dos efeitos das demais economias, sobretudo das que são os destinos principais das nossas exportações que, depois de um esforço de crescimento, desde há dois meses se ressentem das dificuldades crescentes que outros enfrentam.
É, por isso, indispensável gerir com cuidado as expectativas na recuperação económica que outros factores também afectarão, em especial as possibilidades de crescimento global em função das condições ambientais que começam a ser imperativas para as decisões a tomar, bem como da escassez de recursos e das alterações climáticas que, já se não duvida, tem associadas.
A par de inúmeras chamadas de atenção de ambientalistas e de outros cientistas quanto aos efeitos negativos do crescimento económico intensivo, a Google acaba de disponibilizar o “Google Timelapse” que permite visualizar alterações físicas na Terra entre 1984 e 2012, entre as quais as reduções significativas das manchas de florestas húmidas e de reservatórios de água naturais e artificiais, do acréscimo excessivo das áreas urbanas, além de outros pormenores que nos fazem pensar na situação de carência que poderemos atingir dentro de muito pouco tempo.
Por variadas razões, não é aconselhável uma expectativa demasiado elevada para o futuro de curto e de médio prazo já que tem de se basear mais na contenção de excessos, no aperfeiçoamento de processos e na procura de novas satisfações.
A tendência de agravamento das condições recessivas na Europa e as preocupantes perspectivas do FMI para a economia global, enfim, as dificuldades de superação de uma “crise” cuja longevidade desafia a de anteriores períodos de prosperidade, não permitem grandes dúvidas quanto à necessidade de procurar soluções novas.
Depende, quanto a mim, do entendimento desta necessidade de mudança a saída de uma “crise” que, de outro modo, provocará muitos mais estragos, porque cada vez haverá necessidade de mais austeridade em nome de metas porventura inatingíveis e de direitos conquistados insustentáveis.

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