A queda do
Governo é o que, à boa maneira portuguesa, pedem os que não estão de acordo com
o que ele faça.
De um modo
geral, entre nós o confronto é total e as alterações jamais levam em conta o
que de bom tenha sido feito, a menos que sejam aumentos de impostos e outras
alcavalas das quais os que vêm depois sempre se aproveitam. A solução nunca é
aprimorar soluções mas sim apagar e fazer de novo! Um desperdício!
É opinião
geral que uma crise política nesta altura seria quase catastrófica e nos
deixaria em condições de um segundo resgate que a mais austeridade nos
obrigaria e mais pobres nos faria. Aliás, é disso a Grécia um bom exemplo.
Ficou-se a
saber que no Conselho de Estado esse assunto foi abordado, mesmo com o
Presidente insistindo no programa de reflexão que havia proposto.
E um dos
conselheiros que terão defendido a queda do Governo terá sido o ex-Presidente
Jorge Sampaio que aos jornalistas disse: “Não acho que seja uma coisa mortal. O
problema é de oportunidade, qual é a oportunidade que se escolhe para isso. Há
quem diga que este momento seria muito negativo. Eu penso que nenhum momento
destes é negativo, mas obviamente que há razões de oportunidade. É melhor aqui
do que ali (...) Não posso é subscrever a ideia de que uma consulta popular em
abstracto seja algo que se tem que evitar a todo o preço. Não é assim. A
democracia tem soluções e uma é a consulta ao povo se isso for julgado evidente
e necessário".
Foi no
princípio democrático da consulta popular avulsa que fundamentou o que disse e,
como Soares defende, também, que a Democracia sempre tem soluções para os
problemas que aconteçam.
Mas
reconhece Sampaio que é difícil tomar essa decisão numa altura em que o país é
confrontado com uma situação muito complicada na qual se vai "abrindo um
fosso entre as instituições democráticas", pelo que teria de ponderar
muito bem as decisões que tomaria.
Mais uma vez
as regras democráticas aparecem como se de uma matemática se tratasse. Se
acontece isto faz-se assim, se acontece aquilo, faz-se assado...
Mas as
coisas não são mais assim, essas regras já não resultam e, tal como o livro
vermelho de Mao ou o verde de Komeini, perderam a sua eficiência porque as
circunstâncias são outras. E cada vez menos há quem vá nessas conversas.
Não há
regulamento nem nada que se sobreponha às alterações naturais de que os
políticos já deveriam ter-se dado conta para, de acordo com elas, não de
regulamentos feitos em outras condições, procurarem soluções que o sejam.
Ainda que me
pareça que o Governo deveria fazer melhor, no que uma Oposição patrioticamente
empenhada deveria cooperar, receio, com fortes razões, que uma qualquer solução
de continuidade que não passe por um consenso mais lato, o tal que o PS recusa,
possa ajudar a melhorar a situação!
Mas não virá
longe o dia em que poderemos ver quem tem razão, pois duvido que tenha vontade
de continuar quem se sente atacado pela Oposição e pelo seu próprio
Partido.
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