ACORDO ORTOGRÁFICO

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quinta-feira, 23 de maio de 2013

E SE O GOVERNO CAIR?



A queda do Governo é o que, à boa maneira portuguesa, pedem os que não estão de acordo com o que ele faça.
De um modo geral, entre nós o confronto é total e as alterações jamais levam em conta o que de bom tenha sido feito, a menos que sejam aumentos de impostos e outras alcavalas das quais os que vêm depois sempre se aproveitam. A solução nunca é aprimorar soluções mas sim apagar e fazer de novo! Um desperdício!
É opinião geral que uma crise política nesta altura seria quase catastrófica e nos deixaria em condições de um segundo resgate que a mais austeridade nos obrigaria e mais pobres nos faria. Aliás, é disso a Grécia um bom exemplo.
Ficou-se a saber que no Conselho de Estado esse assunto foi abordado, mesmo com o Presidente insistindo no programa de reflexão que havia proposto.
E um dos conselheiros que terão defendido a queda do Governo terá sido o ex-Presidente Jorge Sampaio que aos jornalistas disse: “Não acho que seja uma coisa mortal. O problema é de oportunidade, qual é a oportunidade que se escolhe para isso. Há quem diga que este momento seria muito negativo. Eu penso que nenhum momento destes é negativo, mas obviamente que há razões de oportunidade. É melhor aqui do que ali (...) Não posso é subscrever a ideia de que uma consulta popular em abstracto seja algo que se tem que evitar a todo o preço. Não é assim. A democracia tem soluções e uma é a consulta ao povo se isso for julgado evidente e necessário".
Foi no princípio democrático da consulta popular avulsa que fundamentou o que disse e, como Soares defende, também, que a Democracia sempre tem soluções para os problemas que aconteçam.
Mas reconhece Sampaio que é difícil tomar essa decisão numa altura em que o país é confrontado com uma situação muito complicada na qual se vai "abrindo um fosso entre as instituições democráticas", pelo que teria de ponderar muito bem as decisões que tomaria.
Mais uma vez as regras democráticas aparecem como se de uma matemática se tratasse. Se acontece isto faz-se assim, se acontece aquilo, faz-se assado...
Mas as coisas não são mais assim, essas regras já não resultam e, tal como o livro vermelho de Mao ou o verde de Komeini, perderam a sua eficiência porque as circunstâncias são outras. E cada vez menos há quem vá nessas conversas.
Não há regulamento nem nada que se sobreponha às alterações naturais de que os políticos já deveriam ter-se dado conta para, de acordo com elas, não de regulamentos feitos em outras condições, procurarem soluções que o sejam.
Ainda que me pareça que o Governo deveria fazer melhor, no que uma Oposição patrioticamente empenhada deveria cooperar, receio, com fortes razões, que uma qualquer solução de continuidade que não passe por um consenso mais lato, o tal que o PS recusa, possa ajudar a melhorar a situação!
Mas não virá longe o dia em que poderemos ver quem tem razão, pois duvido que tenha vontade de continuar quem  se sente atacado pela Oposição e pelo seu próprio Partido.

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