Começo
a ver as notícias de hoje e salta-me à vista a de que o Governo vai
fazer, na despesa social, o maior corte de sempre! Nada que não
esperasse da parte de quem me parece não fazer ideia do que seja uma
sociedade humana.
Mas
não quero com isto dizer que as oposições ao governo o saibam
melhor porque, afinal, não diferem nos princípios mas, apenas, no
modo como se propõem fazer as coisas.
Se
todos aprenderam pela mesma cartilha que ensina o que é a economia,
na qual apenas os valores financeiros são considerados, não podiam
diferir mais do que o que é próprio entre pessoas que tenham a
mesma formação de base. E, por isso, as soluções passam, sempre,
pelos mesmos maquiavélicos processos de tirar a este para dar
àquele, sem sairem do âmbito dos mesmos equívocos que são julgar
que a abastança é possível.
É
natural que, no mundo inteiro, não haja país que não queira que a
sua economia cresça, crescendo o consumo interno e as exportações.
Se é esse o caminho, todos quererão trilhá-lho! Mas é um caminho
que vai dar, inevitavelmente, ao beco sem saída que é todos
quererem sempre mais do pouco que existe, em quantidades que não dão para todos.
Houve,
em tempos, quem se preocupasse em procurar saber a “capacidade de
suporte do planeta”, isto é, que população máxima poderia ter
uma vida minimamente digna com a utilização optimizada dos recursos
existentes. Aliás, à semelhança do que qualquer pessoa avisada
faria para fazer, por exemplo,o seu plano de férias, verificando,
primeiro, até onde as suas disponibilidades o pudessem levar. Isto é
o contrário do que os hábitos de uma sociedade leviana levam a
fazer: primeiro marcam as férias, depois arranjam um crédito para
as pagar e... depois logo se vê!
Apesar
de tudo, mesmo com as contenções que as circunstâncias já nos
obrigam a fazer, ainda não saímos da fase do logo se verá, porque
continuamos a traçar os nossos planos com base no crescimento em vez
do planeamento com base naquilo de que dispomos. Insistimos em crer
que seja infinito o que é mais escasso do que imaginamos!
Teremos
essa noção quando sentirmos que, depois dos “cortes” nas
despesas sociais que são o “entrave da economia”, não haverá
como não fazer mais ainda, até que aprendamos que se não trata já
de crescimento mas de sobrevivência.
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